Diário Oficial do Município do Rio de Janeiro

 

 


 

Agentes de apoio à Educação Especial fazem a diferença na vida dos alunos com deficiência

25/05/2017 16:26:00  » Autor: Flávia David / Ricardo Cassiano


Este ano, a cidade celebrou a chegada de de mais de 300 novos agentes de apoio à Educação Especial, profissionais que têm como missão acompanhar e auxiliar na inclusão de aproximadamente 14 mil estudantes com deficiência da rede municipal de ensino. Com carinho, firmeza e muito amor, os agentes conquistam os estudantes e contribuem para que melhoras no desempenho desses alunos possam ser observadas por todos, na escola e em casa. É o caso de Bruno Souza Lobo, de nove anos, deficiente Intelectual e estudante da Escola Municipal Olegário Mariano, em Rocha Miranda. Com o cuidado que vem recebendo da agente Priscila Alves Cabral da Silva, de 28 anos, obteve evolução na leitura e na habilidade de compreender e passar para o papel aquilo que seu professor escreve no quadro para transferir para o papel.

 

- Ele se sente muito capaz quando está com ela. Por conta disso, seu desempenho na leitura vem melhorando muito. Para os olhos dos outros, parece pouco, mas para aqueles que acompanham de perto, a evolução é significativa. Ele tem dificuldade de passar para o papel aquilo que está vendo, mas aos poucos está superando isso. O trabalho dos agentes é muito importante. Seja qual for a limitação do aluno, transmitem muita segurança. Precisamos muito contar com esse porto seguro na cidade inteira - disse, com orgulho, a mãe do Bruno, Aline de Sá Frias e Souza, de 33 anos. Há cinco meses, nasceu Davi, seu segundo filho, que, segundo ela, também está colaborando muito para a evolução de Bruno.

 

Para os alunos, ir para a escola é o momento mais legal do dia, especialmente se for pra encontrar seu agente especial de apoio.

 

- Tia Priscila é muito legal. Ajuda a copiar do quadro e me ensina a colocar ponto final nas frases. O que mais gosto de fazer é estudar. Gosto de ditado e de fazer continha. Também gosto de ler. O último livro que levei para casa foi "O Ovo" - falou Bruno, acrescentando que adora levar livros para casa e ler para o irmão.

 

Acompanhando de perto a evolução do menino, a agente Priscila, que também foi aluna da escola, derrete-se a cada vitória obtida. Ela ressalta a importância do trabalho dos agentes, mas afirma que seu trabalho não seria exitoso se não tivesse a participação constante da família na vida do menino, observando dia a dia cada detalhe de sua evolução:

 

- Os professores precisam atender outros alunos e, por mais que se esforcem, não conseguem dar a eles essa atenção diferenciada. No meu caso e do Bruno, por exemplo, tivemos que nos adaptar um ao outro quando ele chegou. Não foi fácil no início, ele tem dificuldade com o quadro. Mas conseguimos criar um vínculo e procuro ditar as palavras, estabelecer dicas para que ele compreenda. Está funcionando. Ele é um menino muito meigo, educado. É um trabalho que me dá muito prazer. Essas crianças têm muita vontade de ir além. O que elas precisam é de um estímulo. E, nesse processo, a participação da família é fundamental. Para dar certo, precisamos trabalhar em parceria. A Aline é maravilhosa, está sempre presente. Quem dera que todas fossem assim!

 

Além do ensino em sala de aula, os alunos, público-alvo da Educação Especial, recebem o Atendimento Educacional Especializado (AEE), realizado nas 464 Salas de Recursos Multifuncionais, localizados nas unidades escolares da prefeitura que tem como objetivo eliminar barreiras para a plena participação desses alunos no contexto escolar. Para isso, esses espaços dispõem de materiais que auxiliam os alunos em suas necessidades específicas. Nesses locais, promove-se também a adaptação das provas e de materiais pedagógicos. As atividades nas Salas de Recursos são o momento mais aguardado pelos estudantes.

 

- Os agentes são um braço do professor. É um trabalho árduo, em que é preciso respeitar o tempo de cada um, valorizando cada conquista. Isso é muito importante no trabalho com alunos com deficiência. Desde a entrada, cada funcionário, do porteiro à direção, já se sente responsável pela evolução do aluno - disse a diretora da Escola Municipal Olegário Mariano, Ana Lúcia Andrade.

 

Funcionária da Escola Municipal Benevenuta Ribeiro, no Méier, a agente Amanda da Silva Abrantes de Figueiredo Fernandes, de 30 anos, classifica seu trabalho como "apaixonante". Ela é a fiel escudeira do animadíssimo aluno do 7º ano Gabriel Eduardo Cordeiro Siqueira, de 13 anos, que possui autismo leve. Na sala de recurso da unidade, o menino já fez inúmeros desenhos, brincou de formar palavras e criou um Atari de papel.

 

- A maneira que tenho de avaliá-lo é pelo feedback dos professores e das demais pessoas que convivem com ele no dia a dia. Por isso, ver os avanços dele sendo elogiados é muito bom. Nosso trabalho é, de fato, integrado. A escola inteira participa do desenvolvimento do aluno. É um trabalho maravilhoso e não me vejo fazendo outra coisa. O professor é uma referência para os alunos, mas os agentes são aqueles a quem eles podem recorrer em caso de dúvida, conflitos, dificuldades etc - disse Amanda, destacando o perfil acolhedor da unidade, em que o Gabriel foi "muito bem abraçado".  

 

Segundo o estudante, Amanda é uma pessoa muito especial, que nunca deixou de estar ao seu lado quando precisou:

 

- Ela é muito legal, mesmo quando gosta de mandar. Ela me ajuda a fazer os deveres, me deixa mexer no telefone dela e colocar músicas. Também lê o material para que eu entenda e escreva. Quando tenho dificuldade, ela está ali para me ajudar.

 

Sempre presente no dia a dia do menino, o pai coruja Roberto Carlos Ribeiro Siqueira, de 41 anos, é mecânico e esquematizou sua rotina para que possa acompanhar o filho de perto. Faz questão de levá-lo à escola e buscá-lo todos os dias, além de ajudar com as tarefas de casa. Para ele, o trabalho da Amanda vem contribuindo para a evolução de Gabriel:

 

- Ele tem desenvolvido muito bem. E isso aconteceu por conta da interação entre ele e a Amanda. Por conta do autismo, Gabriel tem déficit de atenção e dificuldade para copiar as coisas do quadro. Ela o ajuda muito nessa questão e a melhora tem sido grande. Se ele está desenvolvendo bem em sala, é por causa principalmente do trabalho dela. Quando o pego na escola e pergunto o que ele fez, Gabriel me conta tudo. Está fazendo tudo direitinho, principalmente em português e produção de textos. Ele é muito criativo.

 

Até o ano passado, as escolas do município contavam apenas com 150 agentes de apoio à Educação Especial. Os 300 que chegaram nesse primeiro momento de 2017 já haviam sido aprovados em concursos realizados desde 2014, mas ainda não haviam sido chamados. Ao longo do ano, a Rede Municipal de Ensino convocará outros para alcançar ao número de 1.050 agentes de apoio.




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