07/07/2016 23:47:00 » Autor: Fotos: Paula Johas
Em comemoração ao centenário do samba, a Prefeitura do Rio, em parceria com a Rede Carioca de Rodas de Samba, promoveu, nesta quinta-feira à noite (07/07), o encontro "Roda das Rodas", na Praça Tiradentes, Centro do Rio. O evento exaltou o ritmo popular e a carioquice, entorno de uma grande mesa coberta por uma lona, onde cerca de 200 músicos de mais de 30 grupos se revezaram para batucar e cantar. A celebração marcou o lançamento do Portal Rede Carioca das Rodas de Samba (Portal RS) e o compromisso da agenda de políticas públicas da cidade com o Programa de Desenvolvimento Cultural da Rede Carioca de Rodas de Samba, lançado em dezembro de 2015 pelo prefeito Eduardo Paes.
— As rodas ganharam força e projeção em vários bairros. De Norte a Sul, é possível ver um público diversificado e jovem, interessado em interagir nesses encontros. A movimentação é tamanha que gera, aproximadamente, mais de mil postos de trabalho diretos. Por tudo isso, esse encontro é um marco por consolidar a inclusão das rodas de samba na agenda de políticas públicas da cidade — disse o articulador cultural do Instituto EixoRio, Julio Morais.
Canções consagradas de Paulinho da Viola e Dona Ivone Lara empolgaram o público na Praça Tiradentes, seguidos de clássicos de Candeia, João Nogueira, Clara Nunes e Zeca Pagodinho. A ausência de palco e a informalidade da grande mesa deram um tom intimista ao primeiro encontro do gênero, organizado pelo Instituto EixoRio, órgão de articulação cultural da prefeitura.
Formada por sambistas e produtores artísticos, a Rede Carioca de Rodas de Samba divulga os músicos, os compositores, as canções e os produtos ligados ao tema. Com apoio do Instituto EixoRio, promove oficinas de capacitação (gestão cultural, comunicação, plano de negócios, fotografia e audiovisual), valorizando uma das principais manifestações culturais da cidade. Para facilitar o acesso às informações, o Portal RS (as letras remetem à Roda de Samba) entrou em operação. O desenvolvimento da plataforma virtual foi realizado pelo Instituto Pereira Passos (IPP).
— Ao contrário das escolas de samba e dos blocos, as rodas não são sazonais. Acontecem o ano inteiro, alimentando a cultura do samba, um dos principais ativos da cidade. O aplicativo que desenvolvemos ajuda a localizar e dá informações sobre as rodas. Por ser uma plataforma participativa e aberta, a ideia é que sirva como importante fonte de informações — explicou o geógrafo do IPP e coordenador do projeto, João Grand Júnior, que realizou pesquisa de doutorado sobre o papel das rodas de samba como instrumento de desenvolvimento local no Rio.
Paralelo ao encontro de bambas na praça, 21 barraquinhas com produtos ligados à cultura do samba ofereciam bebidas, comidas, artesanatos, esculturas, acessórios, roupas e literatura de cordel. Boa parte dos comerciantes costuma acompanhar rodas de samba pela cidade, como a percusionista e estilista Thalita Magar, proprietária do Quintal Romã, que fabrica saias, blusas e instrumentos de maracatu como alfaia e xiquerê.
— Esse tipo de iniciativa da prefeitura contribui para estimular a economia que acompanha os encontros dos sambistas, ampliando a interação com o público.
Integrado por sete mulheres, o Moça Prosa marcou presença no encontro como o único grupo formado exclusivamente por mulheres percusionistas. No terceiro sábado de cada mês, elas comandam a roda de samba da Pedra do Sal, na Praça Mauá, a partir das 17h.
— A ideia é resgatar e ampliar a participação feminina no ambiente do samba, por isso espero que a gente inspire outras mulheres a fazer o mesmo, ainda mais agora com esse evento que revela rodas de samba maravilhosas até então desconhecidas do público — destacou a professora de Português e Literatura, Luana Rodrigues, integrante do grupo e responsável pelo batuque do atabaque e tan-tan.
Moradores de Niterói, os amigos Enderson Bonifácio, 33 anos, e Leonardo Costa, 37, decidiram permanecer por mais algumas horas no Rio antes de atravessar a ponte.
— Quando soube que ia rolar um encontro tão bacana de sambistas não pensei duas vezes. Sempre que posso, prestigio as rodas de samba, que são informais e familiares. É um bom momento para relaxar ouvindo boa música e, quem sabe, arranjar uma namorada.
Quem também chegou mais tarde em casa foi o contínuo Robson de Jesus Leandro, 30, que mora em Bangu e parou para festejar o centenário do samba com um grupo de amigos.
— Agora sim estou me sentindo no escritório. Passo o dia todo pensando num momento assim e hoje tive, por acaso, a oportunidade de curtir um sambinha ao lado de gente bonita.
A 'Roda das Rodas' reuniu os seguintes grupos de samba: Aldeia do Samba; Aos Novos Compositores; Arrasta Povo; Autonomia; Buraco do Galo; Gloriosa; Jacutá do Samba; Mafuá no Quintal; Moça Prosa; Pagode do Balde; Pagode do Biro; Pagode do Time de Crioulo; PedeTeresa; Pedra do Sal; Pôr do Santa; Samba com Sardinha; Samba d'Aurora; Samba d'Irajá; Samba da Cabeça Branca; Samba da Gameleira; Samba de Benfica; Samba de Buteco; Samba do Barão; Samba do Xoxó; Samba na Fonte; Samba na Minha Casa; Samba na Serrinha; Samba no Calça Larga; Samba Zona Oeste; Sambastião ; Terreiro de Crioulo; Samba da Feira da Glória-PTC (Zona Sul); e Moça Prosa (Pedra do Sal).